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Keira Knightley é a capa da edição de julho da britânica Harper’s Bazaar! Confira a tradução feita pelo KKBR da matéria completa:

De Volta Às Origens

Ficar fora da mídia durante a pandemia ensinou Keira Knightley a reavaliar suas prioridades. Fotografada no esplendor da Reserva Selvagem de Suffolk, ela conversa com Lydia Slater sobre conhecer sua comunidade local, revisar literatura feminista e pular no trampolim de suas filhas vestida de Chanel da cabeça aos pés

Ir passear com Keira Knightley é uma experiência de abrir os olhos, um pouco como passear com a Rainha. Quando nos encontramos, ainda não era possível se reunir em casa, por isso, o nosso entrevista foi conduzida andando pelos cantos do Norte de Londres, no bairro onde ambas vivemos. Enquanto caminhamos, as pessoas a cuprimentam, e quando paramos para tomar um café, a funcionária lhe entrega o seu favorito, cerveja sem álcool. Ser mundialmente famoso não parece assim tão ruim. Knightley parece surpresa. ‘Ah, eu conheço todos eles’, ela explica, acenando para outra pessoa. “Esse é o Chris, meu vizinho adorável…” Eu moro nesta área há muito mais tempo do que ela, mas ainda tenho que especificar como eu gosto do meu cappuccino, penso. Deve ser porque ela é excepcionalmente simpática, e apesar de estar de jeans pretos, botas, gorro e máscara, continua dramaticamente bonita.

Esta entrevista, como tantas outras no último ano, foi adiada várias vezes. Inicialmente, tínhamos planejado de nos encontrarmos em 2020 para discutir seu novo filme Silent Night, que está programado para ser lançado neste Natal. Agora é seu papel como o rosto da Coco Mademoiselle da Chanel que está no topo da agenda, com o lançamento da Coleção Eté, de edição limitada, e da campanha da mesma, mostrando-a em uma aparência etérea em gaze branca e pérolas.

Knightley está estrelando campanhas desde 2007, quando tinha vinte e poucos anos, e estrelando na franquia de sucesso, Piratas do Caribe. Ela foi levada de Los Angeles para Paris para conhecer Karl Lagerfeld, e lembra-se principalmente de como se sentiu fora do fuso horário. “Eu provavelmente era muito nova para ter medo dele e não sabia o suficiente sobre moda”, ela lembra, rindo. “Eu estava hospedada no Ritz, e quando abri o guarda-roupa, encontrei todas essas roupas da Chanel lá. Eu só pensei que o quarto não tinha sido arrumado, então liguei para a recepção para dizer que alguém havia deixado suas roupas para trás, e eles disseram que elas eram para a minha estadia. Mas para não ficar com elas”, ela suspira. “Foi meu momento de Cinderela”.

Hoje, Knightley tem muitos itens Chanel que lhe pertencem, mas bem menos oportunidades para usá-los. “Não vejo a hora de vestir roupas adoráveis novamente”, diz ela. No começo do primeiro confinamento, ela decidiu aumentar a moral familiar ao se arrumar diariamente. “Temos um trampolim em nosso jadim, e decidimos que só podíamos usar vestidos nele. Eu passei batom vermelho todos os dias, e tudo que tinha da Chanel no meu guarda-roupa, e minha filha Edie tinha laços da Chanel em seu cabelo e asas de fada.” O marido de Knightley, o ex-tecladista dos Klaxonz, James Righton, só podia se juntar a elas quando usava uma de suas “variedades de ternos cor de pavão da Gucci”. “Eu pensei: ‘qual é o ponto de ter essas coisas adoráveis sobrando no guarda-roupa enquanto o lado de fora parece bem apocalíptico e assustador?'” Parecia muito importante estar realmente feliz para as crianças! Então você faz isso e esquece, e aí as compras chegam e você precisa limpar tudo antes de guardar, lembra? Chegou a um extremo quando encontrei algumas maçãs marrons, estranhas, e meu marido disse que ele havia fervido-as porque pessoas podiam ter tocado nelas. Eu disse: “certo, mas agora não podemos comer!”, ela começa a rir incontrolavemente. “Aquela foi uma época muito estranha, nós vestidos em roupas bem claras, fervendo maçãs!”

Knightley se esforça ao enfatizar que ela é grata por sua sorte. “Quando você está num cenário desses, e não há nada que se possa fazer a não ser ficar em casa, você percebe a frivolidade absoluta de sua existência, e a ultra admiração pelos enfermeiros. “Como podem dar a eles um aumento de apenas um centavo?”, ela dispara. “Isso é um problema feminista!” No entanto, como todos, ela passou por uma montanha-russa emocional nos últimos meses. O casal perdeu amigos para a Covid-19, e Knightley teve que se dividir entre educar Edie em casa e cuidar da pequena Delilah. Comida parece também ter sido uma fonte particular de tensão doméstica no último ano. [James] Righton, segundo sua esposa, “tem um pouco de TOC, o que faz dele um ótimo cozinheiro”. Tendo lido uma grande quantidade de livros sobre o meio-ambiente durante o primeiro confinamento, ele decidiu que a família toda deveria apenas comer vegetais de fazendas regenerativas durante o segundo [confinamento]. “Mas eu não sou grande fã de raízes, e naqueles pacotes regenerativos que pegamos – isso é tão classe média, eu não aguento – tinham quatro aipo-rábanos. E eu odeio aipo-rábano! Eu não sabia que podia ter sentimentos tão fortes sobre um vegetal…” E quando Righton se ofereceu para cozinhar um no jantar, ao invés de um delivery muito aguardado, ela se descontrolou e jogou [o vegetal] no chão da cozinha – “fez um barulhão!” Na semana que nos encontramos, ela admite ter tido outra oscilação ao pensar sobre um segundo aniversário no confinamento. “Eu acabei soando como uma criança de cinco anos dizendo: ‘Mas eu quero ver meus amigos!” E a minha filha, que realmente tem cinco anos, me deu um grande abraço…”

Então, ela está muito entusiasmada em ver o mundo abrindo-se novamente, não apenas porque ela irá retomar sua carreira. “Eu não trabalhei por um ano”, ela diz, enquanto sentamos com nossos cafés em um banco ao lado de uma escola local. “Eu havia acabado de terminar de filmar Silent Night em Londres na quarta-feira, e nós entramos em lockdown na sexta.” Também era o dia em que Mulheres ao Poder, filme de drama sobre mulheres ativistas que interromperam o concurso Miss Mundo de 1970, deveria ser lançado. “Eu vi meu rosto estampado no pôster e pensei: ‘minha nossa, isso quase aconteceu…’ Então, eu deveria fazer uma série de TV em setembro por quatro ou cinco meses, mas não consegui fazer dar certo com os lockdowns e o cuidado com as crianças. Eu tive muita sorte, financeiramente, de poder tomar essa decisão. Pareceu como uma escolha, mas foi uma porcaria de escolha.”

Embora agora ela esteja em intensa pesquisa para um novo projeto baseado em Ancillary Justice, romance best-seller de ficção científica escrito por Ann Lecki, que deve ter suas gravações iniciadas mais tarde este ano, se a pandemia permitir. “É sobre poder. As questões da minha personagem são: ‘qual o propósito da conquista? Quais as motivações para governar?’ Então estou lendo muitos livros sobre ditadores, fantasiando sobre dominação intergalática enquanto estou lavando e trocando a fralda do bebê…” Ela também está muito envolvida com os audiobooks da saga Boudica de Manda Scott, algo que ela achou particularmente consolador durante a situação da morte de Sarah Everard e as sinistras revelações de misoginia e abuso sexual em escolas mostrados no fórum do Everyone’s Invited. “Algo muito pagão e e poderosamente feminino é agradável de ouvir agora”, ela diz.

Knightley foi criada para ser feminista por sua mãe, a dramaturga Sharman MacDonald, autora de When I was a Girl, I used to Scream and Shout…. Seu interesse, ela diz, “era imensamente encorajado pelo fato de que eu era muito esportiva quando criança, mas ser jogadora de futebol não era uma opção para mim, enquanto era, na cabeça deles, para todos os garotos. Isso realmente me chocou desde cedo.” Ao longo de sua carreira, as personagens interpretadas por ela foram notavelmente fortes e independentes, desde seu papel de estreia, interpretando uma adolescente louca por futebol em Driblando o Destino em 2002, até uma inesquecível Lizzy Bennet na versão de 2005 do diretor Joe Wright de Orgulho e Preconceito, a iconoclasta escritora francesa Colette em 2018, uma delatora em Segredos Oficiais, e mais recentemente, a ativista Sally Alexander em Mulheres ao Poder.

Embora agora ela se pergunte em voz alta por que ela nunca pensou em apontar a misoginia que ela sentiu pessoalmente. “Foi quando as mulheres começam a listar todas as precauções que tomam ao caminhar para casa para certificarem-se de que estão seguras, e eu pensei, eu faço cada uma delas, e nem pensei sobre isso. É deprimente para caralho”, ela suspira. “Acho que é por isso que estou gostando de ouvir Boudica.

Com uma cronometragem imaculada, um estranho homem solitário perambula na rua em nossa direção e começa a gritar para ela: “Você frequenta essa escola? Você parece muito jovem!” “Obrigada”, ela diz educamente, enquanto saímos rapidamente para encontrar refúgio em uma praça próxima; ele nos segue até lá alguns minutos depois. “Acho que é bem interessante falar sobre isso enquanto estamos sendo perseguidas”, ela observa filosoficamente. “Adoro aquela política que disse que deveriam haver algemas para homens, e os homens ficaram irados, mas você pensa, há algemas para mulheres, sempre tiveram.” Ela já passou por assédio? “Sim! Quero dizer, todo mundo já passou. Literalmente, não conheço alguém que não tenha passado, de alguma forma, seja através de exposição, apalpadas, or algum cara dizendo que vão cortar sua garganta ou lhe dar um soco no rosto, o que quer que seja, todo mundo já passou.”

Como é de se imaginar, ela diz que usar uma máscara neste último ano tem sido uma experiência liberadora. E dado que a maioria de nós sente um pouco de trepidação sobre retomar a vida normal, quão mais difícil deve ser voltar aos holofotes em frente na mídia mundial? “Maquiagem é uma armadura”, ela diz. Ela gosta bastante do processo de se vestir e se arrumar, “mas meu marido e minha filha mais velha não gostam de jeito nenhum. Meu marido diz, ‘ah, você é ela.’ Eles não me veem como eu, e eu também não. É outra coisa, como uma personagem.” Uma personagem boa? “Não particularmente. Não, ela não pode ser. Ela tem que ser bem feroz. É uma armadura, e acho que é assim que deve ser.”

Alguns dias depois, estou voltando das compras com uma filha, o cachorro e um monte de roupas da lavanderia quando Knightley e Righton passam. Ela está usando uma máscara e parece… bem feroz. Mas quando nossos olhos se encontram na rua, ela sorria e me cumprimenta, então penso: não é à toa que toda a vizinhança é amiga dela.

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